Tana High-Level Forum on Security in Africa
Fonte: Tana High-Level Forum on Security in Africa |

Alguns líderes africanos são culpados pelos conflitos - Obasanjo

O 5.º Fórum de Alto Nível do Tana terá lugar de 16 a 17 de Abril de 2016 em Bahir Dar, Etiópia

ADDIS ABABA, Etiópia, 21 de março 2016/APO (African Press Organization)/ --

Alguns líderes africanos são responsáveis pela instabilidade no continente porque não conseguiram gerir a diversidade nas suas sociedades, afirmou o ex-Presidente da Nigéria, o General Olusegun Obasanjo. Do mesmo modo, disse que as interferências externas em África foram responsáveis pelos conflitos, citando os ataques aéreos da NATO na Líbia em 2011, que levaram à queda do poder do Coronel Muammar Gaddafi.

"As repercussões estão agora a fazer-se sentir no Mali, Nigéria e Sahel," afirmou o General Obasanjo durante uma conferência de imprensa sobre o próximo Fórum de Alto Nível do Tana sobre Segurança em África (http://www.TanaForum.org), que se realiza na Etiópia. Quando inquirido sobre se os líderes africanos eram culpados pelos conflitos no continente, respondeu: "Sim e não".

Disse que os líderes estavam a decepcionar os seus povos porque não tinham conseguido impedir a marginalização nas suas sociedades, prevenir a injustiça, reduzir o desemprego e a pobreza, não tendo abraçado nem democracia nem a boa governação.

O tema do Fórum deste ano é África na Agenda de Segurança Global.

É um tema apropriado, dadas as repercussões da intervenção da NATO na Líbia, que motivou críticas recentes do Presidente norte-americano Barack Obama aos governos britânico e francês por terem eliminado Gaddafi sem terem planos para um "seguimento" eficaz.

Sobre a questão das operações de manutenção de paz africanas, concordou que a falta de financiamento dos estados-membros da União Africana foi um contratempo significativo para a paz e segurança no continente.

Afirmou que, quando era Chefe de Estado, foi responsável por um painel de alto nível cujo objetivo era procurar fontes alternativas de financiamento para a UA, mas que não deu frutos.

Notou que, quando a UA estava à procura de financiamento para combater o vírus Ébola na Serra Leoa, Libéria e Guiné, os estados-membros não forneceram os fundos. "A UA acabou por ter de se voltar para o sector privado, conseguindo angariar 40 milhões de dólares," afirmou o General Obasanjo, Presidente do Fórum Tana.

Criticou os estados-membros da UA por não contribuírem para o orçamento geral da UA, acrescentando: "Penso que isto se deve à falta de vontade política".

O Gen. Obasanjo indicou que o Ébola e a migração de África tinham implicações em termos de segurança além do continente, "uma vez que vivemos agora numa comunidade global em que, se algo acontece em África, isso afeta o resto do mundo".

Foi por isso que África teve de analisar atentamente a sua infra-estrutura de segurança, o que os próprios africanos poderiam fazer para lidar com estas questões e qual deveria ser a função do continente na formulação das políticas de segurança globais.

O Vice-Presidente do Fórum, o Professor Andreas Eshete da Etiópia, afirmou que África não só tinha de ter uma voz forte na arquitectura de segurança global, como também as suas perspectivas deveriam ser tidas em conta e incorporadas na agenda de segurança global.

O 5.º Fórum de Alto Nível do Tana terá lugar de 16 a 17 de Abril de 2016 em Bahir Dar, Etiópia. Espera-se a presença de mais de 150 participantes, incluindo antigos e actuais Chefes de Estado e de Governo, representantes governamentais de alto nível, académicos, representantes da sociedade civil, peritos e legisladores da UA, da ONU e de outras instituições internacionais.

Distribuído pelo Grupo APO para Tana High-Level Forum on Security in Africa.